Uma espécie de mariposa pode ter uma habilidade pioneira, apontam os autores de um estudo publicado na Nature. De acordo com a equipe, a Agrotis infusa – nativa da Austrália e Nova Zelândia – consegue migrar para lugares que nunca visitou antes graças à navegação astronômica.
Entenda:
- A mariposa Agrotis infusa pode ser o primeiro inseto do mundo a usar navegação astronômica em migrações de longa distância;
- A técnica consiste em usar a posição dos astros no céu como “bússola”;
- Experimentos mostraram que a espécie usa as estrelas para se localizar em viagens noturnas;
- Outros insetos fazem uso da navegação astronômica, mas a mariposa parece ser a primeira capaz de percorrer longas distâncias com o método.
A navegação astronômica – também chamada de navegação estelar ou celeste – é uma técnica de orientação que usa como “bússola” a altura e posição dos astros (Sol, Lua e estrelas) no céu, permitindo, assim, que o navegador determine sua própria posição durante uma viagem.
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Mariposas passaram por testes em simulador de voo

Estudos anteriores já haviam mostrado que as mariposas usam o campo geomagnético combinado a pontos de referência visuais para se locomover. E, sabendo também que vários insetos diurnos usam o Sol para se orientar durante a migração, os pesquisadores decidiram analisar se isso também acontecia no céu noturno.
Para testar a hipótese, a equipe capturou várias mariposas A. infusa em cavernas da Austrália e as colocou em um simulador de voo que bloqueava o campo magnético da Terra. Dessa forma, os insetos precisariam voar usando apenas a visão. O equipamento também tinha projetores que geravam cenários determinados, e sensores eletrônicos ajudaram a medir a atividade cerebral das mariposas durante o experimento.
Mariposa é pioneira em navegação astronômica de longa distância

A equipe esperou até que a noite caísse para iniciar os testes de voo, e o resultado foi surpreendente: os pesquisadores descobriram que a A. infusa depende, de fato, das estrelas no céu noturno para se orientar durante movimentos migratórios.
“Esse tipo de ajuste direcional mostra que o cérebro da mariposa A. infusa codifica informações celestes de uma forma surpreendentemente sofisticada. É um exemplo notável de capacidade de navegação complexa concentrada em um minúsculo cérebro de inseto”, explica Eric Warrant, líder do estudo, em comunicado.
A equipe destaca que, embora a mariposa não seja o único inseto a usar a navegação astronômica, ela é a primeira a adotar a técnica para percorrer longas distâncias em seus movimentos migratórios.
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