A aplicação de questionários é fundamental para a pesquisa científica. Este método serve para coletar dados através de um conjunto de perguntas estruturadas. E, assim como outras técnicas, ela sofreu alterações a partir do avanço da tecnologia.
O que a maioria das pessoas não percebeu, no entanto, é que a realização de pesquisas na internet, por exemplo, trouxe efeitos negativos. Entre eles está o risco de corrupção de dados ou falsificação de identidades a partir de robôs.
Participantes humanos ou robôs?
- Entrevistar pessoas pela internet foi um importante avanço.
- Isso possibilitou ter acesso aos dados de pessoas que normalmente não estariam envolvidas nos estudos.
- Participantes de classes mais pobres ou de comunidades rurais, por exemplo, passaram a ser ouvidos nestes trabalhos.
- Ao mesmo tempo, a chegada da inteligência artificial abriu ainda mais oportunidades.
- O problema é que agora é mais difícil do que nunca identificar se alguém é, de fato, real.
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Os impactos para as pesquisas científicas
Em artigo publicado no portal The Conversation, Mark Forshaw, professor da Edge Hill University, e Jekaterina Schneider, pesquisadora da University of the West of England, explicam que, apesar de existirem formas de combater as fraudes, provavelmente é impossível erradica-las completamente. Dessa forma, é provável que haja manipulação do sistema.
Estamos vendo o surgimento de robôs que fingem ser participantes, respondendo a perguntas de maneiras cada vez mais sofisticadas. Várias identidades podem ser fabricadas por um único programador, que pode então não só ganhar muito dinheiro com estudos, mas também comprometer seriamente a ciência que estamos tentando fazer (o que é muito preocupante quando os estudos estão abertos à influência política).
Artigo publicado no The Conversation

Neste sentido, a única solução parece ser voltar a realizar entrevistas cara a cara, o que significa voltar algumas décadas no tempo em questão de tecnologia. Isso também significa abrir mão de diversas vantagens da internet.
Ela é uma plataforma maravilhosa para democratizar a participação em estudos de pessoas que, de outra forma, não teriam voz, como aquelas que não podem viajar devido a uma deficiência física, entre outras. É desanimador pensar que todo fraudador está essencialmente roubando a voz de uma pessoa real que realmente queremos em nossos estudos. E, de fato, entre 20% e 100% das respostas em estudos foram consideradas fraudulentas em pesquisas anteriores.
Artigo publicado no The Conversation

Segundo os pesquisadores, a triste realidade é que estamos retrocedendo décadas para descartar uma proporção relativamente pequena de respostas falsas. Lutar contra este movimento, no entanto, tem um custo enorme: reduzir a amplitude da diversidades de participantes das pesquisas científicas.
O post Robôs estão atrapalhando a pesquisa científica na internet; entenda apareceu primeiro em Olhar Digital.