Pelo menos 60% dos cânceres de fígado poderiam ser prevenidos, segundo uma pesquisa publicada na revista científica The Lancet. Cientistas acreditam que o número de diagnósticos pode passar dos atuais 870.000 casos anuais para 1,52 milhão em 2050 em todo o mundo.
E dois componentes-chave explicam parte desse crescimento: o consumo de álcool deve aumentar a incidência dos cânceres de fígado de 18,8% para 21,1% nos próximos 25 anos, enquanto a obesidade será responsável por 10,8% dos casos ante 8%.
O estudo alerta que os vírus da hepatite B e C ainda são a principal causa desse tipo de câncer. No caso da hepatite B, que respondeu por 39% dos casos em 2022, a prevenção é feita através de vacina. Já a hepatite C foi identificada em 29,1% dos diagnósticos — e a prevenção depende de medidas que evitam contato com sangue contaminado.
Doença silenciosa
O artigo descobriu ainda que os casos de cânceres de fígado relacionados à MASLD, a doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica, vão aumentar de forma expressiva. Apenas nos Estados Unidos, as taxas de MASLD devem dobrar até 2050, afetando mais da metade dos adultos (55%) — atualmente, esse índice é de 25%.
A doença ocorre quando há acúmulo de gordura no fígado e pode não causar sintomas. Ter obesidade ou diabetes tipo 2 aumenta o risco de desenvolvê-la. Até recentemente, a MASLD era conhecida como doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD).
O risco maior está associado a sua forma mais grave: esteato-hepatite associada à disfunção metabólica (ou MASH, na sigla em inglês). Essa condição pode levar à formação de cicatrizes, ou cirrose, o que aumenta a chance de desenvolver o câncer.

Recentemente, estudos mostraram que medicamentos para perda de peso são eficazes na reversão das cicatrizes, de acordo com reportagem do The New York Times. Além disso, a doença é reversível com mudanças no estilo de vida, o que inclui uma dieta balanceada e atividade física constante.
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Por mais consciência
Especialistas ouvidos pela NBC News acreditam que os testes e diagnósticos de doenças hepáticas serão mais eficazes a partir de uma maior conscientização entre pacientes e médicos.
“Tratar doenças hepáticas precocemente é a melhor maneira de prevenir o câncer de fígado, porque o câncer de fígado quase sempre ocorre no contexto de uma doença hepática crônica”, afirmou o Dr. Arun Jesudian, hepatologista no Weill Cornell Medicine.

Uma das maneiras sugeridas para ampliar o rastreio é a métrica chamada Fib-4, que utiliza resultados de exames de sangue de rotina para estimar a quantidade de cicatrizes hepáticas, segundo o jornal The New York Times. Isso pode favorecer em especial pacientes com MASH que não desenvolveram cirrose, por exemplo.
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