Pode parecer estranho à primeira vista ouvir falar de uma fábrica de mosquito. Afinal, todos os anos, o Governo Federal investe muito dinheiro em campanhas de conscientização para controlar o mosquito da dengue e evitar a proliferação de doenças ligadas a ele, como a própria dengue, mas também zika e chikungunya.
EntĂŁo, por que estarĂamos orgulhosos de inaugurar a maior biofábrica de Aedes aegypti do mundo? Simplesmente, porque criar esse mosquito pode, literalmente, salvar vidas.
Claro, essa empresa não irá fabricar qualquer mosquito. É uma variação muito especial, modificada em laboratório, com uma bactéria chamada Wolbachia, que impede a transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya.
A maior biofábrica do mundo dedicada à produção do mosquito Aedes aegypti foi inaugurada no Paraná neste sábado (19). Chamada de Wolbito do Brasil, a unidade é uma parceria entre o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP).
Estima-se que a biofábrica tenha capacidade para produzir 100 milhões de ovos de mosquito por semana. O mĂ©todo Wolbachia, testado no paĂs desde 2014, já foi aplicado em diversas cidades e agora será expandido para novos municĂpios com apoio do MinistĂ©rio da SaĂşde.
O que é o método Wolbachia contra dengue?
- A Wolbito do Brasil pode gerar atĂ© 100 milhões de ovos por semana, com foco inicial nos municĂpios definidos pelo MinistĂ©rio da SaĂşde, com base nos Ăndices de arboviroses.
- Os mosquitos sĂŁo inoculados com uma bactĂ©ria natural e segura que reduz a transmissĂŁo de vĂrus, sem modificações genĂ©ticas.
- Segundo a Fiocruz, cada R$ 1 investido pode gerar uma economia entre R$ 43 e R$ 549 em tratamentos médicos.

Como funciona o método Wolbachia?
A tĂ©cnica consiste em liberar no ambiente mosquitos Aedes com a bactĂ©ria Wolbachia, que, ao se reproduzirem com a população local, geram descendentes tambĂ©m portadores da bactĂ©ria. Essa bactĂ©ria impede que os vĂrus se multipliquem dentro do mosquito, reduzindo drasticamente as chances de transmissĂŁo para os humanos.
A Wolbachia já é naturalmente encontrada em mais da metade dos insetos do mundo. No caso do Aedes aegypti, cientistas conseguiram introduzir a bactéria com segurança, garantindo que os mosquitos infectados tenham vantagem reprodutiva, o que facilita a disseminação da bactéria na natureza sem risco ao meio ambiente ou à saúde humana.

De acordo com a AgĂŞncia Brasil, o mĂ©todo foi testado inicialmente em comunidades do Rio de Janeiro e NiterĂłi e, ao longo dos anos, foi ampliado para cidades como Belo Horizonte, Londrina, Foz do Iguaçu, Campo Grande, Petrolina e Joinville. A expansĂŁo continua, com previsĂŁo de novas liberações no segundo semestre em cidades como Blumenau, Balneário CamboriĂş, BrasĂlia, ValparaĂso de Goiás e outras.
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O projeto não substitui outras ações de combate ao mosquito, como o cuidado com água parada, mas se apresenta como uma ferramenta complementar altamente eficiente.
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