Mariposa voa usando técnica adotada por antigos navegadores

Uma espécie de mariposa pode ter uma habilidade pioneira, apontam os autores de um estudo publicado na Nature. De acordo com a equipe, a Agrotis infusa – nativa da Austrália e Nova Zelândia – consegue migrar para lugares que nunca visitou antes graças à navegação astronômica.

Entenda:

  • A mariposa Agrotis infusa pode ser o primeiro inseto do mundo a usar navegação astronômica em migrações de longa distância;
  • A técnica consiste em usar a posição dos astros no céu como “bússola”;
  • Experimentos mostraram que a espécie usa as estrelas para se localizar em viagens noturnas;
  • Outros insetos fazem uso da navegação astronômica, mas a mariposa parece ser a primeira capaz de percorrer longas distâncias com o método.
Mariosa Agrotis infusa pode usar as estrelas para migrar durante a noite. (Imagem: Ajay Narendra/Macquarie University)

A navegação astronômica – também chamada de navegação estelar ou celeste – é uma técnica de orientação que usa como “bússola” a altura e posição dos astros (Sol, Lua e estrelas) no céu, permitindo, assim, que o navegador determine sua própria posição durante uma viagem. 

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Mariposas passaram por testes em simulador de voo

Equipe capturou mariposas em cavernas da Austrália. (Imagem: Eric Warrant)

Estudos anteriores já haviam mostrado que as mariposas usam o campo geomagnético combinado a pontos de referência visuais para se locomover. E, sabendo também que vários insetos diurnos usam o Sol para se orientar durante a migração, os pesquisadores decidiram analisar se isso também acontecia no céu noturno.

Para testar a hipótese, a equipe capturou várias mariposas A. infusa em cavernas da Austrália e as colocou em um simulador de voo que bloqueava o campo magnético da Terra. Dessa forma, os insetos precisariam voar usando apenas a visão. O equipamento também tinha projetores que geravam cenários determinados, e sensores eletrônicos ajudaram a medir a atividade cerebral das mariposas durante o experimento.

Mariposa é pioneira em navegação astronômica de longa distância

Pessoa apontando para vórtex de estrelas no céu
Estrelas servem como “mapa” para a migração das mariposas. (Imagem: Mike Ver Sprill/Shutterstock)

A equipe esperou até que a noite caísse para iniciar os testes de voo, e o resultado foi surpreendente: os pesquisadores descobriram que a A. infusa depende, de fato, das estrelas no céu noturno para se orientar durante movimentos migratórios.

“Esse tipo de ajuste direcional mostra que o cérebro da mariposa A. infusa codifica informações celestes de uma forma surpreendentemente sofisticada. É um exemplo notável de capacidade de navegação complexa concentrada em um minúsculo cérebro de inseto”, explica Eric Warrant, líder do estudo, em comunicado.

A equipe destaca que, embora a mariposa não seja o único inseto a usar a navegação astronômica, ela é a primeira a adotar a técnica para percorrer longas distâncias em seus movimentos migratórios. 

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