Pesquisadores desenvolveram um material capaz de alterar o equilĂbrio entre absorção e emissĂŁo de calor – algo que parecia impossĂvel.Â
Um artigo publicado na revista Physical Review Letters descreve como o metamaterial emite mais luz infravermelha do que retém, desafiando a chamada Lei de Kirchhoff, segundo a qual um objeto, sob certas condições, deve absorver e emitir energia térmica de forma igual.
Em resumo:
- Cientistas criaram um metamaterial que altera o equilĂbrio entre absorção e emissĂŁo tĂ©rmica;
- Experimentos anteriores obtiveram efeitos limitados com campos magnéticos extremamente fortes;
- A nova pesquisa usou camadas nanomĂ©tricas e alcançou emissĂŁo nĂŁo recĂproca robusta;
- Descoberta pode inspirar tecnologias como diodos térmicos e conversão avançada de calor.
Metamaterial supera experimentos anteriores
Nos Ăşltimos anos, cientistas começaram a investigar formas de contornar esse princĂpio. Entender como controlar a absorção e emissĂŁo de calor Ă© importante para áreas como energia solar e camuflagem tĂ©rmica. Sendo possĂvel manipular esses processos, novas tecnologias mais eficientes podem surgir.
Um experimento conduzido em 2023 usou o arsenieto de Ăndio (InAs) e aplicou um campo magnĂ©tico forte para tentar esse efeito. A equipe responsável conseguiu uma pequena quebra da reciprocidade, mas sĂł em condições muito limitadas. A nova pesquisa, liderada por Zhenong Zhang, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, foi alĂ©m.
A equipe criou um metamaterial com cinco camadas finĂssimas (de apenas 440 nanĂ´metros cada) de arsenieto de Ăndio e gálio (InGaAs) dopado com elĂ©trons. Essas camadas foram sobrepostas em um substrato de silĂcio e estudadas com um equipamento especial que aqueceu o material a 540 Kelvin (cerca de 266°C) e aplicou um campo magnĂ©tico de 5 tesla, cem mil vezes mais forte que o campo da Terra.

Em um resultado surpreendente, o material apresentou o dobro do efeito registrado antes, mantendo a emissĂŁo de calor nĂŁo recĂproca em vários ângulos e comprimentos de onda no infravermelho. Zhang afirmou que a equipe detectou uma “emissĂŁo nĂŁo recĂproca forte”, com valores muito acima dos já relatados na literatura cientĂfica.
Os pesquisadores acreditam que essa descoberta pode abrir caminho para novas tecnologias, como diodos e transistores térmicos, além de sistemas mais eficientes para conversão de calor em eletricidade e controle térmico avançado.
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Tecnologia busca alcançar conforto térmico sugando a umidade do ar
O desconforto térmico em ambientes internos está não apenas à temperatura, mas também à umidade. Pensando nisso, pesquisadores criaram um material capaz de absorver vapor de água, reduzindo a necessidade de sistemas de ventilação que consomem muita energia.
Quando várias pessoas ficam juntas em espaços fechados e mal ventilados, a umidade liberada pela respiração e suor deixa o ambiente abafado. O material desenvolvido no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na SuĂça, retĂ©m a umidade, ajudando a melhorar o conforto sem depender tanto de ventilação artificial. Saiba mais aqui.
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